Usando as diferenças a nosso favor
Por Dulcineia Alcock
Em uma reunião social, como você se comporta? Você se apresenta, ou é apresentado? Você conversa com todos, ou prefere ficar em algum lugar discreto e ter uma conversa mais privada?
E no trabalho? Você é do tipo que gosta de explorar ideias novas, ou prefere andar por terrenos conhecidos, tipo ¨não se mexe em time que está ganhando¨?
O psicólogo Carl Jung desenvolveu a teoria dos tipos psicológicos. Resumidamente, ele sugere que nós temos maneiras opostas de nos relacionar com o mundo – direcionar e receber energia (Extroversão ou Introversão – E/I), assimilar informação (Sensação ou Intuição – S/N), decidir ou concluir algo sobre uma informação (Pensar ou Sentir – T/F) abordar o mundo exterior (Julgar ou Perceber – J/P).
Nós usamos todos esses 8 pares parte do tempo, mas preferimos um lado do par e fazemos uso dele com mais frequência. Conhecermos quem somos e quem são os nossos parceiros de vida ou trabalho e quais as diferenças entre nós, pode ser utilizado a nosso favor.
Talvez a primeira coisa a deixar clara quando falamos de tipos psicológicos, é que apesar dessas palavras serem conhecidas por nós, o significado aplicado por Jung é diferente. Uma pessoa Introvertida, por exemplo, não é necessariamente tímida. Uma pessoa preferir o polo de Julgamento, não faz dela um julgador ferrenho, que critica tudo e todos.
A segunda coisa é que a interação entre os diferentes polos fazem de um indivíduo um tipo singular. Portanto, o fato de uma pessoa ser Extrovertida não quer dizer necessariamente que ela vai chegar numa festa e se apresentar. Ela fará isso apenas se dentro da sua tipologia houver uma faceta que chamamos ¨iniciar¨.
Você verá que neste texto serão usados termos como ¨prefere¨, ¨normalmente¨. Isto se dá porque em tipos psicológicos não colocamos uma pessoa numa gaveta. As pessoas são dinâmicas e podem ser influenciadas pelo meio, desenvolvendo habilidades e preferências diferentes das inerentes àquele polo.
O que então, significam os nomes que Jung utilizou?
Nos tipos psicológicos, uma pessoa que tem a preferência por Extroversão, normalmente é energizada pela interação com outras pessoas. Pode ser que ela tenha facilidade em expor o seu pensamento, dependendo de outros aspectos de sua personalidade. Já um Introvertido é energizado pela reflexão, prefere estar sozinho, e pode achar que interrupções no trabalho o distraem. Num time, por exemplo, é importante que as pessoas envolvidas estejam atentas aos tipos e que se certifiquem que os Introvertidos também sejam ouvidos.
A pessoa que assimila informação através da Sensação acredita no que é palpável, e nas experiências que teve. Já uma o faz pela Intuição, tende a enxergar possibilidades, e é muito aberta à novidades. Os dois polos enriquecem e muito um time, quando propriamente explorados.
Os que usam o Pensar como preferência, tomam decisões pesando prós e contras, tentando ver a lógica em cada processo. Os que preferem Sentir, normalmente veem primeiro como uma decisão pode afetar as outras pessoas do grupo. Consultar as pessoas que usam diferente polos para tomar decisões pode trazer equilíbrio e eficiência ao processo.
Os indivíduos que preferem abordar o mundo exterior através do Julgamento, procuram por conclusões, decisões. Eles tendem a gostar de planejamento, agendas, enquanto os que preferem Percepção gostam de coletar o máximo de informações possível e focam no processo.
Todos os polos tem os seus pontos fracos e fortes. As pessoas que preferem Julgamento podem ser mais organizadas e confiáveis no que diz respeito a prazos. Porém podem se precipitar ao tomar uma decisão sem coletar suficiente informação.
Já as que preferem Percepção podem ter uma melhor ideia do quadro geral de uma situação (big picture), mas há o risco de não conseguirem tomar uma decisão por se perderem coletando informações.
MBTI® – Myers-Briggs Type Indicator é uma ferramenta de autoconhecimento dedicada à identificação dos tipos psicológicos, baseada na teoria de Carl Jung. Desenvolvida por Katherine Briggs e Isabelle Briggs Myers, mãe e filha, este Instrumento é mundialmente utilizado por empresas e indivíduos para ajudar a entender como os tipos afetam a comunicação, as relações profissionais e pessoais, as escolhas, clarificando pontos fortes e preparando para desafios e situações de stress, bem como explorando o que os diferentes tipos trazem para um time, conflitos e o respeito às diferenças.
Os tipos MBTI são formados por 4 letras que representam as preferências, e as dinâmicas entre os polos é o que torna esse estudo muito rico. Um ESTJ (Extroversão, Sensação, Pensamento, Julgamento) é motivado pelo uso de conhecimento, habilidades ou experiência para resolver problemas, enquanto um ESTP (Extroversão, Sensação, Pensamento, Percepção) é motivado quando tem autonomia para realizar coisas à sua maneira.
Um ISTJ, como eu, tem como função dominante (o que uso com mais facilidade) a Sensação. E como função inferior (o que preciso desenvolver) a Intuição. Desenvolver esse polo (ver a situação como um todo, explorar outras possibilidades) é o meu desafio. Em situações de stress, a função inferior é ativada, e como ela não é a que estou acostumada a usar, aparece de uma maneira distorcida. No caso do ISTJ, por exemplo, significa imaginar situações catastróficas. Para uma pessoa que tem Sentir (F) como inferior, pode ser interpretar mal tudo que outra pessoa diz ou faz.
Se quiser saber qual é o seu tipo e como utilizá-lo a seu favor, entre em contato para agendarmos uma conversa.
Dulcineia Alcock é Life Coach, certificada pelo NeuroLeadership Group em Londres.
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